Independência foi homenageada com a diversidade da cultural regional


Em nome do orgulho municipal pela Independência do Brasil, o desfile ao 7 de Setembro não só concentrou escolas, corporações militares e entidades do povo na Praça Juracy Magalhães. A população prestigiou até o fim a variedade de manifestações cívicas. Escolares caracterizados como Indígenas trouxeram à lembrança os kiriris, nossos antepassados regionais; e militares em traje de gala ou de campanha exibiram em ritmo e altivez a arte de servir e homenagear a pátria.

Mães, pais, esposas e parentes disputaram lugar junto às cordas para ver, aplaudir e fotografar o desempenho de seus entes queridos. “Quero ir logo pra casa, mas como cada grupo é melhor, estou ficando” – disse, às 10h e 45min, dona Beatriz da Silva Aquino, moradora nas Casas Populares, enquanto do palanque as palmas ressoavam para a marcha de crianças de tenra idade, adolescente e adultos – ou para a conhecida sirene da simpática equipe do Samu.

Acrobracias e cadências, balizas e habilidades corporais fizeram o deputado Zezéu Ribeiro bater no ombro de Biro-Biro: “Essa diversidade é encantadora, não sei porque não é assim nas metrópoles”. A “diversidade nas manifestações da cultura bonfinense” foi pontuada também no discurso do prefeito Paulo Machado e na empolgação da secretária Lílian Teixeira: “Cada colégios municipal está trazendo um tema diferente”.

Balé, capoeira, fanfarra, percussão, motes afros e indígenas construíram a felicidade e a glória de músicos, professores e alunos de estabelecimentos públicos e particulares. O público assíduo disputou espaços até nas laterais da Catedral, que serviram de concentração de um lado e de dispersão do outro. Se dona Beatriz continuou até o fim, viu também a rica linguagem de arte teatral com que o grupo Aroeira Cênica abordou episódios da história da Independência do Brasil.

O grupo de guris liderados por Paulinho (Machado) equilibrando-se sobre pernas-de-pau não era uma imitação circense. Ali se iniciava uma representação da ingenuidade do povo (maioria de indígenas e escravos em 1822), dividido em lutas fratricidas pela monarquia ou contra ela.

Em seguida, figurantes, em figurino exuberante, passaram a representar uma sucessão de fatos. A própria Maria, a rainha-mãe, titubear na incerteza, também ela, do que seria melhor: assumir o poder com D. Pedro I à frente de um Brasil independente, contra a velha Monarquia, ou ficar com o antigo privilégio. Na angustiante dúvida, a rainha Maria aparece erguida às alturas sobre a cabeça dos pernas-de-pau, mas, ao mesmo tempo, deitada ao chão, como a monarca morta, mas espiritualmente sonhando em “não perder o poder”.

As cenas projetam a subjetividade dos poderosos daquele tempo. De um povo marginalizado, que não participa das decisões e sem razões briga entre si. Cenas verdadeiras. Exprimem mais que “fragmentos da realidade histórica da Independência”. Em nove minutos, o Aroeira desfilou arte dramática de qualidade elogiável. Para o seu mentor, Benedito Oliveira, “o trabalho foi longo, responsável e exigente”.

“D. Pedro” e a “rainha” na pele de atores com corpos horizontalmente rígidos, suspensos por outros em pernas-de-pau, a três metros do chão, extrapola o simples “teatro de rua”. Suscita treino, habilidade e primor técnico. No último ato, a arte dramática do Aroeira põe D. Pedro e a Rainha lá no alto arregalados ante o surgimento lá em baixo de um robô. “É o casal de poderosos já antevendo o futuro econômico e tecnológico do nosso país” – explica Benedito.

Ainda assim, quase não se sabe qual foi o melhor espetáculo, tal as categorias e criatividades desta festa cívica.



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