Em brilhante artigo o educador Edgar Flexa Ribeiro diz: “O MEC pirou de vez”

O educador Edgar Flexa Ribeiro escreve artigo sobre as constantes trapalhadas do Ministério da Educação (MEC). Ele critica as confusões do Enem, o emprego da norma culta da língua colocado em dúvida, o kit homofobia e a intromissão no seio das famílias.

Confira:

Não há mais lugar para dúvidas: o Ministério da Educação não sabe o que é uma sala de aula, nem sabe o que é uma escola. Não conhece os professores. Não sabe a que são obrigados para cumprir o mínimo que se espera deles.

E, sem mais aquela, os convoca para lidar com um tema importante, delicado, que repercute na intimidade e nas convicções das famílias. Tema para o qual o magistério não foi preparado para trabalhar em sala de aula ao longo de sua formação.

O MEC não conhece as famílias, e nem as respeita, nem às suas convicções - certas ou erradas. Pais, mães, ambientes domésticos não importam para os educocratas. Eles sabem tudo, determinam tudo, aprovam e reprovam a seu talante idéias, medidas e providencias que flutuem a seu redor.

O MEC gosta mesmo é de pegar onda. Singrar os mares em cima de qualquer idéia simpática que lhe cruze o caminho. Não pensa, não indaga, não examina. Não ouve ninguém e parte para a ação: imprime, edita, distribui, obriga, compele e atrapalha-se a cada momento.

O MEC malbarata a esmo recursos públicos sabidamente escassos. Joga dinheiro público pela janela, em iniciativas que se destroem em pouco tempo.

É uma estrutura pública que vaga sem limites, sem propósito, sem metas, sem controle.
Combater a homofobia é uma boa e bela causa. De modo geral, toda e qualquer "fobia" deve ser mantida sob controle. As fobias são o colapso da razão. Qualquer uma.

Mas elas são parte de nós, vicejam nos mesmos campos em que vivemos todos. Sentimentos arraigados, com raízes profundas naqueles que as compartilham.

Vencê-las não é tarefa de resultados imediatos. Leva tempo, exige esforço continuado.
Como se atreve o MEC a distribuir material de uso em sala de aula, se ele sabe que os profissionais a quem caberá empregá-lo não foram formados para isso?

Considera os riscos, os sofrimentos, as perplexidades de crianças, jovens, pais e mães?
Não, os educocratas não se preocupam com o mundo real. A causa é justa, a idéia é boa, o material está ali mesmo. Por que não produzi-lo em massa? Por que não distribuí-lo às escolas como se distribui a merenda?

E periodicamente as trapalhadas do MEC param o país. É o Enem que se embaralha todo, é o emprego da norma culta da língua que é colocado em dúvida, é a intromissão brusca no seio das famílias violando sua intimidade.

Esses despautérios todos, sobretudo este último, terminam por acirrar o que pretendia estar combatendo. Só o MEC consegue isso: dizendo que vai combater a homofobia acaba por excitá-la. Ah, esse MEC...

Por Edgar Flexa Ribeiro - é educador, radialista e presidente da Associação Brasileira de Educação. Fonte: Blog do Noblat.
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