Prolongamento de greve dos professores põe em risco o ano letivo


Depois de mais de um mês de greve dos professores estaduais, aumenta o risco de comprometimento do ano letivo e prejuízo aos mais de um milhão de alunos que continuam sem aulas na Bahia. “Quanto mais a greve se alonga, pior. Chega um momento que a defasagem é tal que não há sequer como repor. O tempo [perdido] não se repara. Não tem como dizer que não há perda, sempre sofre algum impacto”, analisa a educadora Iracy Picanço, professora de sociologia da educação da Ufba.
A educadora não soube precisar quantos dias parados inviabilizariam o retorno às aulas. Mas com mais de 30 dias parados já não é possível cumprir os 200 dias de ano letivo exigidos pelo Ministério da Educação (MEC), seguindo o calendário estipulado pela Secretaria de Educação, que prevê recesso junino entre 22 de junho e 2 de julho e fim das aulas no dia 13 de dezembro.

Antes do início do movimento, os alunos tiveram cerca de 40 dias de aula, sem contar o período parado por algumas escolas durante a greve dos Policiais Militares (PMs). Se os docentes retornassem ao trabalho na próxima segunda (14) – o que não está previsto para acontecer, já que não houve acordo entre a categoria e o governo – restariam cerca de 140 dias de aula até 13 de dezembro. A conta, portanto, já não fecha para completar os 200 dias letivos.

O secretário de educação, Osvaldo Barreto, diz que não há com o que se preocupar, já que a secretaria estuda estratégias para repor as aulas. “Existem algumas possibilidades para repor as aulas: ter aulas aos sábados, suspender as férias de São João, ampliar a carga horária ou estender por mais tempo em dezembro”.
De acordo com ele, a estratégia de reposição será diferenciada para grupos de escolas, já que alguns colégios já retornaram as atividades ou nem chegaram a interromper. “Das 1.413 escolas, 450 nunca nem entraram no movimento. Hoje, 600 estão tendo aula normalmente e 149 funcionam parcialmente. Então vamos organizar de tal modo que a reposição seja diferenciada para cada grupo de escolas”, explicou o secretário.
A diretora da APLB, sindicato dos professores, Marilene Betros, também acredita no esquema de reposição de aulas. “Não inviabiliza o ano letivo. Vamos discutir a reposição, mas para isso o governo tem que sentar para negociar com a categoria”, pressiona a sindicalista, que diz que os docentes não vão repor as aulas, caso o governo não pague o valor descontado do salário por corte de ponto durante a greve.
Os professores reivindicam reajuste de 22,22% para equiparar o salário ao piso nacional da categoria. Eles não aceitam o parcelamento do percentual proposta pelo governo. O secretário diz que o governo já cumpre o piso e não há mais o que oferecer aos docentes.

Fonte: A Tarde Online
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