Produtores de Quicé lutam contra extinção da cadeia do leite da região com projeto pioneiro


Para livrar da extinção a Cadeia Produtiva do Leite do distrito de Quicé que levou 30 anos para se estabelecer, a Coopleq e a Apleq (Cooperativa e Associação de Produtores de Leite de Quicé) elaborou um projeto pioneiro, de caráter emergencial, que está amparando pequenos produtores da microrregião de Senhor do Bonfim durante o período da seca que assola o município há meses.

O projeto consiste no Confinamento Coletivo de Matrizes Leiteiras em um espaço devidamente preparado no Parque do Leite de Quicé (situado a 18 km de Senhor do Bonfim).

Conhecida como uma região rica na produção leiteira, a população rural do município assiste estarrecida a destruição das lavouras e principalmente a mortandade dos rebanhos.

Os números são alarmantes – A redução do plantel na região de Quicé, que antes da seca contava com cerca de 30 mil cabeças de gado e produzia um volume de 20 a 30 mil litros de leite por dia é preocupante.

Segundo levantamento feito pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) aproximadamente duas mil cabeças de gado morrem semanalmente, fazendo a produção de leite despencar para 10 mil litros diários, com perspectiva de reduzir ainda mais.

“A situação é muito crítica e muitas vezes falar não retrata a realidade. Se formos visitar alguns pontos você sai chocado. Há propriedades que já perderam praticamente 80% do rebanho; localidades que os produtores tiveram que levar os animais para outros municípios, para poder salvá-los. E ainda tem aqueles que não têm condições nem de alimentar, nem de retirar. A cada dia morrem um, dois, três” – revelou o presidente da Coopleq e Técnico em Agropecuária, José Claudio Lopes de Freitas.

Medida emergencial – Diante do cenário caótico, o confinamento coletivo surgiu como a melhor alternativa. Mais de 130 animais já estão adequadamente alojados. São 120 vacas em lactação mais as crias. O projeto conta com o apoio da Secretaria Estadual de Agricultura da Bahia (Seagri), da Agrovale (companhia açucareira da região do Vale do São Francisco), da Secretaria de Agricultura de Senhor do Bonfim e de produtores locais.

O Confinamento Coletivo está em fase inicial. Apenas 23 produtores, dos 104 cooperados, foram contemplados pelo projeto que dá assistência para 5 a 10 vacas (por produtor). No parque, os animais e as respectivas crias receberão por um período de 90 dias, água e ração balanceada, à base de caroço de algodão, milho, bagaço de cana-de-açúcar hidrolizado e melaço. A dieta é supervisionada por um nutricionista cedido pela Tortuga Companhia Zootécnica Agrária, empresa especializada em nutrição animal.

Ao todo estão sendo oferecidos para os bovinos de 8 a 10 toneladas de alimentos enquanto que a água chega através do serviço de carros-pipa. O Gera Leite, programa do Governo do Estado da Bahia, também está disponibilizando para o Confinamento Coletivo a assistência técnica de um veterinário e de um agrônomo.

Em pouco mais de 15 dias, os trabalhos já vêm surtindo efeitos positivos. “Os animais do parque já apresentam mudança de qualidade”, como revelou o presidente da Coopleq. O objetivo é alojar um número mínimo de 300 vacas em lactação, mas ainda são poucos os recursos para esse fim.

“Devido às dificuldades das doações, que têm sido muito pequenas, a gente não está conseguindo atingir o objetivo, sabemos que esse número é insignificante para o plantel que temos na nossa região” – afirmou José Claudio. Ele ainda reforça: “Esses serão salvos, dez animais de cada produtor, mas os que ficaram nas propriedades e os que não puderam ser trazidos para o confinamento, em virtude da falta de condições de mantê-los, não temos ainda uma posição, nem uma previsão do que fazer para poder evitar a liquidez de plantel”.

Ajuda – A Prefeitura Municipal está à frente da logística do projeto, cedendo o transporte necessário. O Secretário de Agricultura de Senhor do Bonfim, Luciano Francisco de Souza informou que o intuito do projeto é colaborar simultaneamente com os pequenos produtores que ainda não participam do confinamento.

“Estamos pensando na formação de outras unidades no município, onde temos a atividade leiteira como principal fonte de renda das famílias. Estamos em busca de mais doações. Ficou combinado que os produtos que estiverem sobrando da dieta mensal dos animais que se encontram no confinamento serão distribuídos para as outras unidades ou repassados para os produtores que se encontram fora do confinamento” – informa o secretário.

ASCOM
Postagem Anterior Próxima Postagem

PUBLICIDADE