ESTAMOS PERDENDO OS NOSSOS CÉREBROS - POR PAULO MACHADO


Um dos grandes achados nos últimos pronunciamentos do Papa Francisco foi o de que “o exercício do poder implica necessariamente em serviço”. O bom exercício do poder deve ter como meta servir às pessoas e, no caso da municipalidade, servir e bem à população, que sustenta a máquina pública municipal através de seus impostos. Temos então o direito e até mesmo o dever de exigir que aqueles que são remunerados com o dinheiro público, sobretudo nos cargos técnicos, sejam dotados de experiência, competência e espírito de serviço. Mas será que estes elementos de análise estão sendo levados em conta pelos atuais governantes ou predominam os critérios político-eleitorais e de pertença restrita ao grupo que investiu na eleição, sem maiores preocupações com os resultados que possam advir ao município?

Sem dúvida, quem tem um mandato, a princípio, de quatro anos, não pode colocar em cargos-chave que possibilitem o bom andamento da máquina e em consequência bons resultados e frutos, neófitos ou aprendizes. A população não pode ficar à mercê de aprendizagens e amadorismos se os avanços da informação, da técnica e da profissão já colocaram nos quadros da prefeitura técnicos e servidores que depois de dez, quinze anos, foram formados para bem fazerem o que lhes cabe em seus cargos e funções.

Neste sentido, temos a lamentar a fuga, para municípios vizinhos, e outros organismos, verdadeiros profissionais que foram preparados, formados, “diplomados” ao longo de vários anos, permitindo ao município enfrentar com conhecimento de causa os desafios das finanças, da administração, da saúde, da educação, da infra-estrutura, da ação social. Os cidadãos investiram em seus servidores, em seus quadros, para entregá-los de mão beijada a outros municípios que passam a ser os grandes beneficiários dos recursos que a população investiu no preparo em serviço, ou fora dele, dos que estariam aptos a servi-la.

Apenas de relance, podemos apontar alguns cérebros que migraram para outros setores ou municípios, por serem considerados desnecessários à municipalidade bonfinense:

VALMIR ARAUJO DA SILVA – Pregoeiro, leiloeiro, um dos melhores profissionais da Bahia, que conhece como ninguém o que pode e o que não pode ser feito em uma licitação, oferecendo segurança à equipe gestora. Fazia no mínimo dois cursos por ano, com os maiores experts do assunto no país, sendo esta formação custeada pelo erário público. Foi alijado das licitações e hoje é um mero funcionário de tributos.

JOVENILDO ALVES (SU) – Vasta experiência e conhecimento nos processos, convênios e obras da infra-estrutura. Sub-utilizado, sem reconhecimento de quanto poderia contribuir ao setor, preferiu pediu licença sem vencimentos e trabalhar em escritório particular.

AUZENEIDE NUNES – A funcionária que mais conhece das obras que foram realizadas, estão em andamento, e foram encaminhadas enquanto projetos no município. Amplo conhecimento do SICONV, tinha relacionamento forte com ministérios, secretarias, bancos governamentais ou privados. Nenhuma obra foi realizada na última década sem ter o dedo e a intervenção dessa jovem técnica, destemida, e que sempre colocou os interesses do município acima de interesses pessoais. Isolada na seccretaria de infra-estrutura foi convidada a trabalhar na ONG GASB, que se encarrega de dar suporte a deficientes visuais do município.

DR. ANTONIO OLÍMPIO – O dentista mais antigo de Senhor do Bonfim, dedicado aos pacientes que lhe são encaminhados, optou por servir à municipalidade, aos cidadãos bonfinenses mais simples. Rejeitado na saúde bonfinense atual, deverá ser contratado pelo vizinho município de Andorinha.

DAMIR DUARTE – Especialista em prestação de contas de convênios e contratos, dando segurança ao governo municipal, dedicada, sem reserva de tempo e local, foi rejeitada pela atual gestão e contratada pela Prefeitura de Pindobaçu onde realiza excelente trabalho.

VILMA BARBOSA – Desenhista, especialista em AUTOCAD, era peça chave das obras desenvolvidas pela infra-estrutura e mesmo por outras secretarias. Alijada, foi contratada pela Diocese de Bonfim.

RIVALDO TAVARES – Conhecedor inigualável de todos os meandros das finanças municipais, das exigências legais, dos processos financeiros em consonância com as exigências legais, sobretudo do Tribunal de Contas dos Municípios, sempre agiu profissionalmente e sem qualquer envolvimento político-eleitoral. Foi contratado pela Prefeitura de Pindobaçu.

RAULINO TEIXEIRA – Sério, dedicado, competente, indispensável ao andamento de processos, negociações, parcelamentos, com ampla circulação em setores estaduais e federais de controle e finanças. Foi contratado pela Prefeitura de Pindobaçu.

DR. FRANCISCO CARDOSO – Um dos maiores conhecedores dos encaminhamentos jurídicos municipais do norte da Bahia, consegue distinguir com maestria o papel da Procuradoria Municipal, isentando-a das contaminações políticas dos partidos que governam. Forma ao lado de Dr. Josemar Santana, uma dupla que o município de Senhor do Bonfim não pode se dar ao luxo de perder. Em nenhum momento as suas vastas experiências tem sido levada em conta na administração pública.

DR. ANTONIO CAMPOS – Conhecedor invejável do Direito Trabalhista, domina todos os precatórios e processos trabalhistas do município. Sempre negociou com instâncias maiores e servidores, sem prejudicar aos funcionários e ao erário municipal. Sua experiência nunca foi solicitada pela gestão municipal.

Outros nomes poderiam ser citados. Mas os que elencamos dão uma visão geral de quanto Senhor do Bonfim tem perdido, à medida que se afasta do propalado mas não assumido discurso de que a competência seria elemento-chave na escolha dos que estariam a serviço do município. Pior para todos nós! Altos investimentos do erário público, aprendizagem ao longo de anos, que escapam de nossas mãos. Estamos, sem dúvida, perdendo os nossos cérebros.

Paulo Machado
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