RELATOS DE UM DETENTO QUE SE DIZ INJUSTIÇADO

Parte II:

“Sempre pagamos nossas dívidas, de forma errada, ignorada”.

... Na verdade, o meu pesadelo começou pouco tempo antes, ainda em são Paulo (Taboão da serra) – quando inseguro, em casa, com minha família, recebemos uma ligação, numa madrugada, do irmão do esposo da com quem me envolvi ameaçadora, ordenando que eu sumisse que eu me afastasse, senão ele faria mal a mim e a minha família: eu estava só, em São Paulo; o rapaz que me ligou tinha acabado de sair da prisão (eu o conheci antes) – as pessoas da igreja isto informavam e diziam os boatos que ele era violento e perigoso – eu me desesperei; não sabia o que fazer!

E a situação se agravou mais ainda – foi quando a igreja parou de pagar o meu salário (indevidamente), e o meu aluguel: fiquei de Outubro a Dezembro de 2009, sem receber os meus salários e sem os pagamentos dos aluguéis (que eram de valores altos!) – sem contar que eu deveria ter recebido acertos de contas (salários não recebidos, férias, e outros até o mês de janeiro de 2010), até que meu processo eclesiástico fosse iniciado e concluído!

Mas nada disto aconteceu!


A igreja chegou até a falar com minha ex esposa informando que, enquanto eu estivesse tendo acesso a casa, eles não pagariam o aluguel, e nem a ajudariam – ela disse para eles que não poderia evitar isto, pois ainda não estávamos separados e eu era o pai das filhas dela e amava as crianças: vale lembrar que a única renda que nós tínhamos era o salário da igreja – nós até tínhamos uma ajuda extra, mas quando anunciei ao meu mantenedor o ocorrido, esse mantenedor nos informou que não poderia mais nos ajudar – ficamos em miséria, solidão e abandono!

Fizemos vários contatos, até que um pastor, Capelão no Mackenzie SP, se empiedou de nossa situação e conseguiu que minha ex esposa fizesse testes para monitoria de educação infantil na escola do Mackenzie, “apressando” o processo e, enfim, ela lá fosse trabalhar – ele nos ajudou e ela conseguiu a vaga, mas ela achou melhor não ir trabalhar, pois era longe, e tínhamos as crianças: ela não daria conta – então recusou o trabalho.
Outro amigo, colega do mestrado, me conseguiu, na escola dele, uma vaga de imediato, para a minha esposa lecionar! Mas era longe, e o salário não compensava este, também, se tornou inviável: a nossa situação era um real desespero, e não tínhamos nem forças para chorar: estávamos pisando, já, no “limbus do inferno” – e quem poderia nos ajudar?
Não queríamos envolver as nossas famílias – minha esposa não queria voltar para a casa dos pais e ela me pediu com rogos, que eu não permitisse a deixar ela ir embora para a casa dos pais dela – ela iria para qualquer lugar.
E, agora, o que eu deveria fazer? A igreja pressionando-me para eu sair de casa, para ser “expulso” da igreja – um pastor, amigo, me disse que ouviu do pastor “chefe”, que este iria fazer de tudo para impedir que eu tivesse uma bolsa de estudo no Mackenzie (isto já havia acontecido anteriormente, mas por ação de outro pastor!), e nem mais pastoreasse (ele tinha poder pra isto!) – as contas altas, como aluguel, carro, escola das crianças, nos “arrochou”! Já não tínhamos mais rendas: eu não conseguia trabalho de imediato – havia a questão da segurança das crianças e da mãe delas: eu não sabia o que fazer – entrei em colapso: restou-nos, após a vergonha, o abandono, a miséria, que, após sair à separação, ela voltasse para a casa dos pais e eu voltasse pra Bahia, pra eu viver um tempo, com minha irmã caçula – e foi o que aconteceu em meados de Janeiro de 2010!
Aparentemente, seria a melhor solução – não tínhamos outras melhores escolhas: os pais dela foram buscá-la, e as crianças, no dia 15 de janeiro de 2010 – eu fiquei só, me sentia só: o vazio do meu coração explodiu, e chorei – chorei como nunca chorei na minha vida: chorava e gritava de dor; chorava e gritava com gemidos – perdi minha família, meu lar, minha esposa, o ministério, o bom salário (nem tanto quanto as ajudas que eu recebia), a profissão, os “amigos”; perdi tudo e todos – fiquei só: sim, pois eu fui morar com a jovem (já separada, a do caso) e, em menos de dois meses, eu a deixava e voltava para a Bahia – não deu certo viver com ela: como eu viveria com ela? Ela morava com o irmão, ela o mantinha, o ex marido dela suspeitava que ela tivesse um caso com o chefe dela, pois a tratava com distinção, liberalidade e cuidados “especiais”: eu, sem dinheiro e sem ninguém, fez com que ela já não me visse com bons olhos – enfim, tive que voltar para a Bahia.
Já na Bahia, eu, e a minha ex esposa com os familiares dela, no Espírito Santo, ambos, ainda sob o efeito da “depressão”(?) – eu me sentia só, falido, derrotado, angustiado, sem alternativas: eu mantinha contato com ela, que, percebo, também estava na mesma situação, apesar de estar com a família! As crianças a salvaram – e, no meu caso, minhas irmãs (e suas famílias), e minha mãe, me salvaram: nossas vidas foram preservadas!
Conversávamos, eu a minha ex esposa – eu não conseguiria manter o relacionamento com a jovem (do meu “caso”), diante do que informei acima se acresce o fato de que eu não conseguia sentir o sofrimento de minha ex esposa – então, eu encerrei o relacionamento com a jovem: e, mais pra frente, encerraria outros, para amenizar a dor de minha ex esposa, que dizia que queria restaurar a nossa família, que era o único caminho para nós – e, essa “pressão”, fazia eu me afastar dos relacionamentos.
Chegamos até a tentar recomeçarmos, na Bahia, a recompor o nosso casamento - e isto por cerca de 45 dias, entre Abril e maio de 2010: chegamos a morar juntos, na casa de minha irmã – mas eu a desprezei e como me arrependo, amargamente! (?): eu não quis recomeçar o meu lar, restaurá-lo – eu estava cego: precipitei-me em ir buscá-la na casa dos pais dela – mas, eu só queria “curtir”, pela primeira vez, a minha solteirice...
Eu desprezei a oportunidade e ela me disse que seria a última oportunidade – e já que eu não queria tê-la como esposa, não poderia, ela, viver na Bahia, perto de mim, sem me ter: voltaria novamente para a casa dos pais – e eu, sem me opor a isto, sabendo que ela não seria feliz – e sabendo que seria a última chance: não mais recomeçaríamos a nossa família!
Eu sabia disto: eu queria isto – mesmo não entendendo bem, na época, pois estava “fora de mim”: sem entender as conseqüências, permiti que ela fosse embora mais uma vez!...
Fiquei sozinho – e queria me divertir!
Os 45 dias, na Bahia, com minhas crianças, com as “minhas princesas”, foram o melhor tempo que tive com elas: nunca houve tempos melhores! – mas foram os piores entre eu e minha ex esposa: nunca mais teríamos tempos iguais – mesmo porque, daqueles dias (entre Abril e Maio de 2010) até hoje, não mais vi minhas filhas: e isso me dói, me dilacera, me humilha, me joga no chão, me “impotencializa”, me escraviza – eu só estou de pé, pois há alguma força, e só pode ser Deus, que me mantém, me suporta, me fortalece, e me dá a esperança de que eu irei transformar esse longo período de “inferno”, em “dias melhores” – que este “expurgo” de pecados, estes que me perceguem (quero que fique bem claro que jamais cometi crime em minha vida, até a presente data: jamais estuprei, jamais forcei alguma jovem a ter relações íntimas comigo, jamais tive “conjunção carnal” com a jovem que me acusou em juízo! – e peço forças divina para que jamais, no presente e no futuro me torne um criminoso, mesmo que tenha que lutar contra a “justiça” que me quer tornar criminoso (já me declara legalmente criminoso!)e me empurra para minha”desgraça” – esperançoso e com ajuda , que nunca, até hoje, de meu “anjo da guarda” (minha irmã caçula), de minha mãe, e de minhas outras irmãs e cunhados, eu possa vencer: já venci! Já sou vitorioso! Sou feliz – e aguardo só o “meu dia”, o dia de poder recomeçar a viver!...
Enfim, de maio a Dezembro de 2010, vivi uma vida, pela primeira vez, na minha vida, de “solteirice”, “dissolução” e de “prazeres carnais” – eu jamais havia vivido desta maneira: e é nesse período que o inferno, propriamente, mais se configura em minha vida, e, então, aparecerá e cairá sobre mim, em Janeiro de 2011!
Mas estas são duas partes que quero contar separadamente – e vou, aqui, chamar de o “período da dissolução” e, o segundo, de o “período de enclausuramento”...


07/07/2013 por Cssantos
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