DIVÓRCIOS DOS PAIS PODE AFETAR A CRIANÇA AINDA NO ÚTERO, DIZ PEDIATRA

Cada faixa etária requer uma atenção especial para lidar com o problema

A separação de um casal é sempre um problema que ultrapassa a vida afetiva e saber lidar com isso se torna ainda mais complicado quando o casal tem filhos. Por mais que se tomem as atitudes adequadas para a circunstância, não há maneira de evitar que as crianças reclamem da ausência de quem saiu de casa ou até mesmo encarar uma rebeldia. Quanto menor a criança, mais dificuldades terá para entender o porquê da separação dos seus pais.

Esse é um conflito comum que leva as consultas ao pediatra quando a saúde física e psicológica dessas crianças filhas de pais separados está abalada. Pensando nisso, o Dr. Marcelo Reibscheid, pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz, criador do portal Pediatria em Foco (www.pediatriaemfoco.com.br) listou algumas dicas e características do problema em cada faixa etária:

“Tudo, ou quase tudo, está previsto em lei. O que não está previsto é como ficam os filhos emocionalmente, pois diante da separação tudo é novo, desconhecido, imprevisto e muitas vezes assustador para o adulto e para a criança”.

Divórcio na gravidez


Se a separação ocorre durante a gravidez ou durante os primeiros meses de vida, é provável que a criança se veja afetada pelo estado de ânimo da mãe, e, portanto possa nascer com pouco peso ou com atraso no desenvolvimento cognitivo e emotivo.



Divórcio com filhos entre um e três anos


Na época da separação, é provável, que a criança torne-se muito tímida, comporte-se como uma criança menor que sua idade afetiva, requeira muito mais atenção e tenha pesadelos noturnos.

Divórcio com filhos entre 2 e 6 anos


A criança não entende ainda o que é uma separação, mas ao notar que um dos membros do casal não dorme em casa, é provável que pense que é por sua culpa, e reaja de formas opostas: ou fique muito obediente (pensando se for bom, o papai voltará), ou também muito mais agressivo ou rebelde, como era de se esperar quanto ao seu caráter.
Nesta idade, alguns dos pequenos negam a separação tanto a si mesmos quanto aos demais (mentem aos parentes ou amigos, dizendo que seus pais ainda dormem juntos à noite, e continuam brincando de bonecas durante meses, simulando sua própria família e fazendo que seus pais durmam um ao lado do outro).



Divórcio com filhos até os 6 anos


As crianças sofrem um grande temor de serem abandonadas, junto com uma profunda sensação de perda e de tristeza. Podem sofrer transtornos do sono, de alimentação, e adotar condutas regressivas.

Divórcio com filhos entre 6 e 9 anos


Aparecem sentimentos de rejeição, fantasias de reconciliação e os problemas de atitude. É possível que as crianças experimentem raiva, tristeza e nostalgia pelo pai que se foi. Nos casos em que os cônjuges tenham tido conflitos graves, alguns filhos podem viver uma luta entre seus afetos pelos pais e pela mãe. Outras vezes, se descuidam no aspecto material, obrigando-os a prepararem a comida, a vigiar os irmãos menores e assumam responsabilidades muito pesadas para sua idade.

Divórcio com filhos entre 9 e 12 anos


Os filhos podem manifestar sentimentos de vergonha pelo comportamento dos seus pais, e cólera ou raiva pelo que tomou a decisão de se separar. Além disso aparecem as tentativas de reconciliar aos seus pais, o descontrole dos hábitos adquiridos e problemas somáticos (dores de cabeça, estômago, etc.).

Divórcio com filhos adolescentes


Dos 13 aos 18 anos, a separação dos pais causará problemas éticos, e provocará, portanto, fortes conflitos entre a necessidade de amar ao pai e a mãe e a desaprovação de sua conduta. Geralmente as reações mais comuns nesta etapa são:
• Amadurecimento acelerado, ou seja, o adolescente adota o pai progenitor ausente, aceitando suas responsabilidades.
• Por outro lado poderá adotar uma conduta antissocial: não acata nem aceita normas, desobediência, condutas de roubo, consumo de álcool, drogas, etc.

“A separação não deve causar todas essas reações, mas sim algumas delas. É importante destacar que a diversidade de experiências que vivem as crianças depois da separação dos pais, é, de qualquer modo, um sinal positivo, porque prova que o divórcio não é a única coisa que as prejudica, e que, muitas delas, superam a crise familiar, saindo delas mais fortes e mais maduros que seus conterrâneos que pertencem a famílias unidas”, completa o pediatra.

9 frases que podem ajudar as crianças a superarem bem o divórcio:

1. O divórcio não é sua culpa.


2. É normal pensar e sentir algo a respeito.


3. O que você pensa e sente tem importância.


4. É natural que os pais chorem.
5. Você será cuidado, mesmo os pais não estando juntos.
6. Outras crianças experimentaram a mesma situação e tudo acabou bem.


7. Há pessoas com quem eles podem conversar. 


8. Há coisas que você pode fazer para se sentir melhor e ajudar seus pais.
9. Você continua a ser amado depois do divórcio.



Fernanda Ayres
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