RUDIVAL TAVARES: UMA LUTA E UMA DEDICAÇÃO EXEMPLARES

Recebi-o poucas vezes em meu gabinete de prefeito. Embora aquelas vezes tenham sido raras, a densidade desses encontros de trabalho marcaram profundamente o meu olhar e me deram ânimo para continuar a luta em favor de grandes causas. Aquele homem magro, rosto franciscano, seriedade e firmeza no olhar nada queria para si. O que o movia era o compromisso que ele fizera consigo mesmo, em favor de nossa terra, servindo a crianças e adolescentes portadores de paralisia cerebral ou de outros déficits.

Rudival Tavares, ou melhor, RUDY, acreditava, e tinha motivos concretos para isto, que a equoterapia era um direito dos cidadãos e uma obrigação de quantos tivessem a função de servir à sociedade bonfinense. Sempre em defesa dessa causa, tinha na Associação de Equoterapia de Senhor do Bonfim (AESB) um espaço que precisava ser consolidado: alguns cavalos treinados, à sombra de árvores copadas na antiga propriedade de “Seu Deca”, no começo da Olaria, logo depois da ponte; voluntários que trazendo as crianças sob sua proteção, percebiam que o andar dos cavalos equilibrava psico e somaticamente essas crianças.

O poder público não poderia se omitir diante da força e do destemor de Rudy. O que ele reivindicava era a justiça social que não poderia dispensar o apoio do poder público, e o fazia de forma convincente. Cada vez que ele deixava o nosso gabinete ficava pelo caminho o exemplo de um homem que dedicou grande parte de sua vida a servir às pessoas pela equoterapia e por seus gestos solidários. Esta história precisa ser registrada nos Anais da solidariedade bonfinense.


Não tenho dúvida que o maior gesto de agradecimento que podemos dispensar ao idealista RUDY é assumir como nossa, como municipal, a idéia que ele multiplicou em sua dedicação sem limites. Hoje, “cavalo alado”, Rudy Tavares dá vida e ritmo à canção de nosso cancioneiro junino, montado em um cavalo alado e celestial:

Cavalo Alado


Alcymar Monteiro

Ê boi, ê boi (10x)

Um cavaleiro que corre no meio da noite
No meio da chuva, corisco e trovão
No brilho do raio, do cavalo baio na escuridão
Voando, aboiando cavalo alado
Levando seu gado pro reino encantado
Já vive cansado,marcado, serrado no seu coração



Ê boi, ê boi (10x)

Rugindo seu gado num belo mourão
Num grito de sorte,aboio de morte
Explode a boiada do seu coração
A porteira se abriu,o cavaleiro partiu
E na boca da noite...
Uma estrela surgiu

Ê boi, ê boi (10x)


Sim, sem dúvida alguma, Rudy Tavares não morreu, “se encantou”, e cabem-lhe como profundamente seus, os versos do poeta:

Um cavaleiro que corre no meio da noite
No meio da chuva, corisco e trovão
No brilho do raio, do cavalo baio na escuridão
Voando, aboiando cavalo alado
Levando seu gado pro reino encantado
Já vive cansado, marcado, serrado no seu coração.



Senhor do Bonfim, 04 de março de 2014


Paulo Machado
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