AMIGO PAULO MACHADO

Não lhe mandei flores, não lhe enviei sequer um cartão de despedida. Sinto que nas barracas da feira de Senhor do Bonfim, assim como em alguns botecos e outros locais em que o povo pobre da nossa cidade frequenta, sempre estarás presente nestes recintos. A sua forma de vida já o caracterizava como, um homem do povo e, desta forma, inclino-me a não fazer despedidas.

O seu jeito bonachão e o velho sorriso no rosto fazem parte de uma postura que deixava de lado os méritos da educação escolar alcançada, seja nos doutorados feitos, seja nas aulas em que se fez presente. A humildade elegante sempre foi o seu traço predileto.

Somente nos últimos 10 anos é que tivemos uma maior aproximação, tempo que nos fez conhecer um pouco mais, um ao outro. Tempo que nos enriqueceu inclusive pelos pontos antagônicos do nosso credo político. O trabalho conjunto na Prefeitura nos fez ver, no presente do passado e no hoje, do futuro daquela época, as necessidades sociais da população da terrinha e que, no tempo atual, possíveis erros cometidos naquele mandato, hoje teriam outro tratamento pois a humildade nos faz aprender com os erros.

Vi fotografias da tua última caminhada em solo terrestre, vi o que sempre percebi, uma multidão que gostava de ti a acompanha-lo à sua última residência. Sabia que sempre fora querido pela população bonfinense, as discórdias políticas e os interesses pessoais na briga pelo poder te levaram a um terceiro lugar no último pleito, notadamente meros números que constrangeram aos próprios eleitores que lhe viraram as costas. Deixas um legado do maior construtor de habitações para pobres em Senhor do Bonfim pelo programa Minha Casa Minha Vida.

Mas deixemos a política de lado, como vinha sempre lhe dizendo e que aproveitasse melhor o seu tempo com aqueles que sempre foram o seu motivo de viver, dentro ou fora da religião. Entendo que o contato com o poder vicia e, sobretudo, desfia ao homem politizado na busca do que acha que seja a perfeição humana, o fazer pelo outro, e a busca eterna pela solidariedade.

Aqui e já sabendo que não terei resposta missivistas, ressalvo a sua importância para a querida Senhor do Bonfim e, com toda a plenitude do meu pensamento, reafirmo a minha felicidade de telo como AMIGO, Bonfim sempre te reconhecerá por qualquer ponto da sua geografia.

Salvador, 01 de maio de 2016
Humberto Santiago
Postagem Anterior Próxima Postagem

PUBLICIDADE